sábado, 27 de junho de 2009

Saudade

Diz alguém que a despedida
Nada custa ao coração;
Quem tal diz que se despeça,
E verá se custa ou não.

(...)

Nesta cruel despedida,
Diz, amor, que hei-de fazer;
Levar-te não é possível,
Deixar-te não pode ser.

Meu amor na despedida
Nem uma fala me deu;
Deitou os olhos ao chão
Ficou a chorar mais eu.

(...)

Como o vento é para o fogo;
É a ausência para o amor:
Se é pequeno, apaga-o logo;
Se é grande, torna-o maior.

Desgraçado malmequer,
Onde vieste nascer.
Aonde não há saudades,
Não pode haver bem-querer.

Ao Penedo da Saudade
Todos se vão recordar,
Todos dizem: bem me lembro!
Todos voltam a chorar.

Se fossem pedras as lágrimas
Que eu por ti tenho chorado,
Já formavam um castelo
No centro do mar salgado.

A pena do meu martírio
Mais cruel não pode ser:
Ter boca não te falar,
Ter olhos e não te ver.

(...)

Quem disser que a vida acaba,
Digo-lhe eu que nunca amou;
Quem morre e deixa saudades
Nunca a vida abandonou

(...)

Já morri, já me esqueci,
E agora já estou aqui;
Nem a terra me comia,
Sem me despedir de ti.



Jaime Cortesão
(quadras populares)

3 comentários:

Leo Mandoki, Jr. disse...

foste vencida pelo AMOR. Até chegaste a hesitar, mas decidiste por ser vencida. Perder não é estar derrotado. E lembra-te sempre de uma coisa menina: não acomodes demasiado tempo a saudade e o ódio no teu coração.
Fica bem!
(gosto de ti por razões que até eu desconheço; apenas gosto)

Sueli Maia (Mai) disse...

Vejo Byoncé na coluna lateral mas gostava de poder ver mais perto a foto da bailarina que, acima, senta-se ao chão.

Sobre o texto digo-te que gosto de poesias e aprecio muito, aquelas que são inovadoras, originais. Prefiro os poemas sem rimas...
Não conhecia nada do Jaime Cortesão mas este texto pareceu-me triste. Uma espécie de lamento por algo perdido. Uma saudade que entristece...
Gostava mais de ler teus textos em tuas fugas ficando nas praças, em viagem, bailando na cobertura do edifício, telefonando em meio à madrugada...Gosto de verdade quando escreves tuas estórias.

Fica bem, Ana Rita,
Beijos, querida.

MartaVS disse...

Citação tão perfeita, neste período em que tantos se separam e tanta coisa se perde ou fica pelo caminho, tentei eu expressar o que era a saudade, mas aqui chego, e vejo o quanto ainda me falta de sabedoria para sequer conseguir igualar uma fala destas !

Obrigada por me dar a conhecer algo tão sublime.