Nada custa ao coração;
Quem tal diz que se despeça,
E verá se custa ou não.
(...)
Nesta cruel despedida,
Diz, amor, que hei-de fazer;
Levar-te não é possível,
Deixar-te não pode ser.
Meu amor na despedida
Nem uma fala me deu;
Deitou os olhos ao chão
Ficou a chorar mais eu.
(...)
Como o vento é para o fogo;
É a ausência para o amor:
Se é pequeno, apaga-o logo;
Se é grande, torna-o maior.
Desgraçado malmequer,
Onde vieste nascer.
Aonde não há saudades,
Não pode haver bem-querer.
Ao Penedo da Saudade
Todos se vão recordar,
Todos dizem: bem me lembro!
Todos voltam a chorar.
Se fossem pedras as lágrimas
Que eu por ti tenho chorado,
Já formavam um castelo
No centro do mar salgado.
A pena do meu martírio
Mais cruel não pode ser:
Ter boca não te falar,
Ter olhos e não te ver.
(...)
Quem disser que a vida acaba,
Digo-lhe eu que nunca amou;
Quem morre e deixa saudades
Nunca a vida abandonou
(...)
Já morri, já me esqueci,
E agora já estou aqui;
Nem a terra me comia,
Sem me despedir de ti.
Jaime Cortesão
(quadras populares)